Este blogue apresenta principalmente contribuições da Linguística para um melhor conhecimento das línguas de Timor-Leste. Outras áreas afins são contempladas também, como: História, Antropologia e Biologia.
Saturday, September 21, 2013
O português na formação de professores de Timor-Leste
O gênero em Português Europeu e em Tétum
Conforme anunciei em uma postagem anterior (http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2013/07/anais-do-iii-simelp.html), fiquei de disponibilizar neste blogue os trabalhos publicados sobre Timor-Leste nos Anais do III SIMELP.
O gênero em Português Europeu e em Tétum: Reflexões para uma didática do PL2 em Timor-Leste. In: TEIXEIRA E SILVA, Roberval; YAN, Qiarong; ESPADINHA, Maria Antónia; LEAL, Ana Varani (orgs.) III SIMELP. A formação de novas gerações de falantes de português no mundo. Macau: Universidade de Macau, 2012. CD-Rom. p. 64-75.
Saturday, August 03, 2013
Política linguística para as línguas oficiais em Timor-Leste: o português e o Tétum-Praça
No último número da Revista Gragoatá (UFF), vol. 32, n.1, ano de 2012, foi publicado um artigo de co-autoria minha e de Kerry Taylor-Leech intitulado Política linguística para as línguas oficiais em Timor-Leste: o português e o Tétum-Praça.
O artigo é procura analisar as dicotomias da política linguística, sendo elas: política x planejamento, in vitro x in vivo, status x corpus, propostas pela escola francesa de sociolinguística, com autores como Calvet, Blanchet, entre outros, para as línguas oficiais de Timor-Leste, a saber: o português e o tetun. Também fazemos essa separação de tal análise nos diferentes momentos da história do país: o período da colonização portuguesa, da invasão indonésia e o pós-independência.
A versão impressa está em vias de ser lançada, mas a versão digital da revista já se encontra disponível no seguinte endereço: https://www.academia.edu/3580046/Politica_linguistica_para_as_linguas_oficiais_em_Timor-Leste_o_portugues_e_o_Tetum-Praca. Aos interessados, neste link, é possível ler este artigo nosso, apresentado nesta postagem, assim como a revista inteira. Segue o resumo do artigo:
Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar a política e o planejamento linguísticos para o português e o Tétum-Praça em Timor-Leste, já que ambas as línguas são asseguradas pela constituição do país, que data de 2002, como línguas oficiais. Desta forma, em (2), serão discutidos o alçamento do status e do corpus do Tétum-Praça; em (3), será examinada principalmente a questão do status da língua portuguesa em território leste--timorense; e, em (4), serão elaboradas grades de análise para avaliar a eficácia do planejamento linguístico leste-timorense em diferentes momentos de sua história.
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The role of Tetum in Timor-Leste language policy for national languages
No último congresso do EuroSEAS (The European Association for South East Asian Studies), o sétimo, chamado de 7th EuroSEAS Conference, que ocorreu no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa, entre os dias 02 e 05 de Julho, deste ano de 2013, foi apresentado um trabalho de co-autoria minha e de Zuzana Greksakova intitulado The role of Tetum in Timor-Leste language policy for national languages.
A comunicação foi apresentada no âmbito do Painel 58, coordenado por Antonia Soriente (the University of Naples ‘L’Orientale’ Italy), cuja temática é CHALLENGES TO (ENDANGERED) MINORITY LANGUAGES IN SE ASIA. De acordo com o resumo (abstract) abaixo deste painel, o principal objetivo é o de estudar o impacto de línguas consideradas majoritárias sobre as minorias linguísticas e as línguas ameaçadas no sudeste asiático:
Panel Abstract
Across Southeast Asia, especially since many nations gained political independence in the post second world war period, the languages of, generally speaking, the dominant ethnic groups have tended to become superordinate in many respects (as media of State education, broadcasting, the law, among the others). This is the case of Malay and Indonesian, Khmer, Thai and Vietnamese among the others. This panel examines the effects of the rise of superordinate languages on minority endangered languages such as language loss, borrowings as a result of external influence, bilingualism, language policy and its links with social position. Papers will deal with any subfield of linguistics and different approaches and persuasions on the minority languages of South East Asia that are facing decline at an unprecedented speed and in particular will report on what is being done in terms of documentation and conservation.
Dentro desta temática, nossa comunicação procurou avaliar o impacto da política linguística conduzida em Timor-Leste voltada principalmente para a valorização e difusão do Tetun Prasa, e seu impacto sobre as demais línguas locais do país. Segue nosso abstract, que também pode ser baixado no seguinte link http://www.euroseas.org/platform/files/file/Proceedings%20final-dia26(1).pdf:
Abstract: Timor is a small island in Southeast Asia that lies north of Australia and west of the Pacific Islands. Its eastern part, República Democrática de Timor-Leste (Democratic Republic of East Timor) regained its independence only in 2002, while the western half of the island is part of the Indonesian territory. According to the current Timorese Constitution, Portuguese and Tetum are both official languages with English and Indonesian being working languages. Except of Tetum, a native Austronesian language that functions as a lingua franca on the Island, these other three languages stated in the Constitution are foreign (non-native) languages. According to the same document, there are another 15 Timorese languages elevated to the status of national language and these shall be valued and developed by the Timorese Government together with Tetum. Recently, the use of Tetum language has expended in Timorese society due to an extensive linguistic research aimed at improving its lexicon through dictionaries, vocabularies and didactic materials and nowadays Tetum is spoken by more than 80% Timorese. According to the language policy of Instituto Nacional de Linguística (INL – National Institute of Linguistics), the official institution responsible for conducting research on Timorese languages and publishing materials on them, Tetum also plays an important role as a reference for standard orthography and lexicon development of other Timorese national languages. This paper intends to analyze the benefits (the same ortography pattern as a unifying factor of all native languages) and the shortcomings (the process of homogenization of these languages and the inability of the common orthography to represent accurately phonemes of native languages) of this language policy on Timorese local languages.
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Thursday, July 18, 2013
Ecologia dos contatos linguísticos em Manbae
Recentemente, fizemos o lançamento da obra Da fonologia à ecolinguística: Ensaios em homenagem a Hildo Honório do Couto durante o IV SIMELP, já mencionado aqui em várias postagens anteriores (nos seguintes links: http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2013/05/minhas-comunicacoes-para-o-iv-simelp.html, http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2013/05/a-ecologia-da-mudanca-lexical-no.html, http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2013/05/influencias-das-l1-nativas-no-ptl.html e http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2013/07/anais-do-iii-simelp.html). A obra publicada pela editora Thesaurus, de Brasília, é uma homenagem ao Prof. Hildo H. do Couto, conforme o próprio título já antecipa, contando comigo como um dos organizadores e também com um capítulo meu que relaciona contato de línguas e ecolinguística em Timor-Leste
A obra está em fase inicial de divulgação, assim em breve trarei maiores informações aqueles interessados. Meu capítulo é intitulado Ecologia dos contatos linguísticos em Manbae, Timor-Leste e a referência é a seguinte:
COUTO,
Elza K. N.; ALBUQUERQUE, Davi B.; ARAUJO, Gilberto P. (orgs.). Da fonologia à ecolinguística. Ensaios
em homenagem a Hildo Honório do Couto. Brasília: Thesaurus, 2013. p. 251-283.
Uma versão prévia do manuscrito está disponível para download em meu perfil do Academia.edu, no link a seguir: http://www.academia.edu/3580052/Ecologia_dos_contatos_linguisticos_em_Manbae_Timor-Leste. Vejam também meu perfil completo com minhas outras publicações em: http://universidadedebraslia.academia.edu/DaviAlbuquerque.
Caso estejam interessados na obra ou em algum outro conteúdo entrem em contato, ficarei muito feliz em tirar dúvidas e dialogar com os colegas e leitores do blogue.
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Thursday, July 11, 2013
Ecolinguística - Um diálogo com Hildo Honório do Couto
Nesta postagem comentarei brevemente o livro lançado recentemente, neste ano de 2013, intitulado Ecolinguística - Um diálogo com Hildo Honório do Couto, pela Pontes Editores, de autoria de Elza K. N. N. do Couto.
O livro, como já consta no próprio título, é organizado em um formato de diálogo, ou melhor entrevista, onde a autora faz uma série de perguntas ao entrevistado, que versam sobre os aspectos teóricos da ecolinguística, a história e o desenvolvimento desta disciplina, questões de metodologia, análise e aplicação da ecolinguística para os estudos da linguagem.
Como os leitores podem perceber por minhas investigações e minhas publicações sigo esta teoria por considerá-la a que melhor abarca os fenômenos linguísticos em sua totalidade, ou seja, há relações com outras áreas do saber/disciplinas (o que a torna interdisciplinar e multidisciplinar), assim como o objeto estudado é encarado holisticamente e em suas inter-relações, sendo levados em consideração aspectos linguísticos e extra-linguísticos.
Os ecolinguistas do Brasil são influenciados ou estão ligados de alguma maneira ao precursor dos estudos ecolinguísticos por aqui, que é o Prof. Hildo Honório do Couto, e são praticantes de uma corrente específica da ecolinguística, chamada linguística ecossistêmica. Esses autores acabam por formar a Escola Ecolinguística de Brasília.
Finalmente, destaco aqui uma citação do livro onde meu trabalho é mencionado: "Um pouco mais tarde, mais precisamente no ano de 2010, entrou para o doutorado em linguística da UnB, Davi Borges de Albuquerque, que já vinha investigando a situação linguística de Timor-Leste." (Couto 2013: 77).
Em postagens futuras, falarei um pouco mais sobre o trabalho da Escola Ecolinguística de Brasília, da qual faço parte, já que minha investigação sobre Timor-Leste e sobre ecolinguística estão entrelaçadas. Assim, sinto que não posso mencionar somente uma (como venho fazendo com Timor-Leste), deixando a outra de lado (a ecolinguística), já que ao estudar uma (a linguística de Timor-Leste), faço uso da outra (a linguística ecossistêmica).
Para aqueles que tiverem interesse segue o link da editora com informações sobre a obra e as formas para comprá-la: http://www.ponteseditores.com.br/verproduto.php?id=525.
Segue a descrição do livro (texto extraído do site da editora do link mencionado acima):
"Coleção Linguagem e Sociedade Vol 4. Num mundo crescentemente complexo, os indivíduos e as sociedades são chamados a reconhecer que as coisas e seus estados estão todos ligados entre si, tal como uma teia de aranha - a construção ou o corte de um filamento reflete-se em alterações no equilíbrio da teia no seu todo. Este desafio de olhar o real de forma tendencialmente holística, sem perder a especificidade e o rigor da especialização, coloca-se a várias ciências, nomeadamente à linguística, em larga medida porque nada do que existe é alheio ao discurso que o cria e/ou o integra no mundo simbólico do homem. É com este quadro conceptual que o presente livro surge, fruto do percurso que Hildo Honório do Couto tem construído, em seu labor de pesquisa e ensino, ao longo de vários anos. Um livro útil para linguistas e estudiosos da língua de todas as áreas que, partindo da Ecologia de modo radical e do conceito central dessa disciplina - que é o de ecossistema e tudo que lhe diz respeito - reflete sobre as relações entre os vários âmbitos de estudo dentro da linguística e entre esta e outras ciências conexas. Que enquadra esse 'novo ramo da linguística' designado 'ecolinguística', seus princípios fundamentais, objetivos, metodologias e instrumentos, limites e potencialidades. Trata-se ainda de um livro que apresenta a virtualidade de ser de leitura acessível, por adotar uma construção explicitamente dialógica, em formato de entrevista, dirigida por Elza Kioko N.N. do Couto, com três dezenas de perguntas e respostas, capazes de organizar o conhecimento e de oferecer à leitura uma visão esclarecida do pensamento de Hildo Couto sobre a ecolinguística."
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Wednesday, July 10, 2013
Anais do III SIMELP
Durante o IV SIMELP (Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa), que ocorreu entre os dias 2 e 5 de Julho, na Universidade Federal de Goiás (UFG), tive acesso à publicação dos anais do III SIMELP. A referência completa é:
TEIXEIRA E SILVA, Roberval; YAN, Qiarong; ESPADINHA, Maria Antónia; LEAL, Ana Varani (orgs.) III SIMELP. A formação de novas gerações de falantes de português no mundo. Macau: Universidade de Macau, 2012. CD-Rom.
De nosso interesse sobre a pesquisa em Timor-Leste, há um simpósio inteiro dedicado à língua portuguesa na ilha, o simpósio 37 intitulado somente A língua portuguesa em Timor-Leste, além de quatro comunicações em outros simpósios que versam também sobre o português em Timor-Leste.
Fiquem atentos às próximas postagens, pois tentarei deixar disponível aqui todos esses trabalhos, com a devida autorização de seus autores, que já venho obtendo. Creio que esta será mais uma nova fonte de referência bibliográfica importante para um melhor entendimento da situação atual da língua portuguesa em Timor-Leste.
Friday, June 28, 2013
Sistema linguístico e sistema ecológico na gramática Tetun
Minha comunicação apresentada no I EBE (Encontro Brasileiro de Ecolinguística), já comentados aqui anteriormente, tanto a comunicação (http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2012/06/elementos-ecologicos-e-nao-ecologicos.html) como também o encontro (http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2012/03/i-encontro-brasileiro-de-ecolinguistica.html), intitulada O sistema linguístico como sistema ecológico: um estudo da gramática Tetun foi publicada nos Cadernos de Linguagem & Sociedade.
A edição 14, número 1, deste ano de 2013 do CL & S traz a publicação dos trabalhos apresentados ao I EBE, conforme pode ser visto em seu sumário no link: http://seer.bce.unb.br/index.php/les/issue/current/showToc. Já o link para a leitura e download de meu artigo é o seguinte: https://www.academia.edu/3580034/O_sistema_linguistico_como_sistema_ecologico_um_estudo_da_gramatica_Tetun_Timor-Leste_.
Espero que apreciem esta mais nova publicação...
Saturday, May 11, 2013
Influências das L1 Nativas no PTL: Estudo dos Marcadores Verbais
Resumo de minha comunicação intitulada Influências das L1 Nativas no Português de Timor-Leste: Um Estudo dos Marcadores Verbais a ser apresentada no simpósio 16 do IV SIMELP:
RESUMO: A ilha de Timor
está situada no sudeste asiático, perto da Austrália e das ilhas do Pacífico,
possuindo fronteira física com a Indonésia. Apesar de a colonização portuguesa
da ilha ter iniciado no século XVI, a presença efetiva do colonizador europeu
ocorreu somente por volta do século XVIII, findando por volta do ano de 1975,
quando a Indonésia invadiu e dominou a parte leste da ilha. No ano de 1999, o
país reconquistou sua independência e, em 2002, a constituição da República
Democrática de Timor-Leste elegeu como línguas oficiais o português e o
Tétum-Praça (Tetun Prasa), ao lado do inglês e indonésio como línguas de
trabalho. A política linguística da coroa portuguesa para o chamado Timor Português foi a de ensinar a
língua portuguesa apenas aos cidadãos importantes: timorenses que tinham
qualquer influência sobre as suas aldeias, como: reis, príncipes, sacerdotes e
outras pessoas com origens nobres. Esta política sofreu modificações somente no
final do século XIX, exatamente no ano de 1898 com a fundação do Colégio de
Soibada, quando a administração portuguesa decidiu investir no ensino e nas
escolas. Porém, tal situação veio a se modificar, logo em seguida, no século
XX, com a invasão japonesa a Timor (1942-1945) e, posteriormente, com a
dominação indonésia já citada (1975-1999). Esse contexto contribuiu na formação
de uma variedade da língua portuguesa falada em Timor-Leste com alguns traços
linguísticos específicos, assim como de outras variedades já conhecidas e
melhor estudadas, como o Português de Moçambique (PM) e o Português de Angola
(PA). A presente comunicação pretende analisar a variedade da língua portuguesa
falada em Timor-Leste, chamada aqui somente de Português de Timor-Leste (PTL),
apresentando uma característica notória dessa variedade que é o uso de certos
advérbios como marcadores temporais, aspectuais e modais do verbo,
principalmente o emprego de já como
marcador de aspecto perfectivo, ainda
marcador de aspecto progressivo/durativo, ainda
não como modalizador negativo. Tais marcadores verbais podem ser
encontrados também em vários crioulos, notavelmente nos crioulos de base
lexical portuguesa. Porém, sem descartar uma possível influência do Crioulo
Português de Malaca, do Crioulo Português de Macau e dos crioulos
indo-portugueses em Timor-Leste, é argumentado neste trabalho, assim como são
apresentadas várias evidências com base nos dados linguísticos coletados em
campo, que a influência principal na existência desses marcadores no PTL é a
língua materna (L1) do cidadão leste-timorense, já que a maioria das línguas
nativas de Timor-Leste é de origem austronésica, com a presença de um grande
número de marcadores pré-verbais e pós-verbais para expressar as categorias de
tempo, modo e aspecto no verbo. Assim, serão apontadas diversas características
dessas línguas maternas, enfatizando a língua Tetun, e a influência delas no
PTL.
PALAVRAS-CHAVE: Língua portuguesa; Timor-Leste; gramaticalização; multilinguismo.
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Multilinguismo
A ecologia da mudança lexical no português falado em Timor-Leste
Resumo da comunicação homônima a ser apresentada no simpósio 10 do IV SIMELP:
RESUMO: A ilha de Timor
está situada no sudeste asiático, perto da Austrália e das ilhas do Pacífico,
possuindo fronteira física com a Indonésia. Apesar de a colonização portuguesa
da ilha ter iniciado no século XVI, a presença efetiva do colonizador europeu
ocorreu somente por volta do século XVIII, findando por volta do ano de 1975,
quando a Indonésia invadiu e dominou a parte leste da ilha. No ano de 1999, o
país reconquistou sua independência e, em 2002, a constituição da República
Democrática de Timor-Leste elegeu como línguas oficiais o português e o
Tétum-Praça (Tetun Prasa), ao lado do inglês e indonésio como línguas de
trabalho. O presente trabalho analisará o processo de mudança lexical ocorrido
na variedade da língua portuguesa falada na ilha de Timor-Leste. Serão
descritos especificamente o desenvolvimento e a reestruturação lexicais,
juntamente com a interface morfológica desses processos. A análise seguirá a
teoria ecolinguística da endoecologia, que estuda aspectos estruturais da
língua, relacionando-os com o ecossistema, e da crítica ao sistema linguístico,
que analisa a estrutura da língua como um objeto construído e/ou influenciado
pelo meio ambiente e os diversos processos ecológicos. As metodologias
utilizadas foram: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com os falantes em
Timor-Leste, onde foram coletados os diversos dados linguísticos. Ainda, fez-se
uso da bibliografia ecolinguística como base teórica para as análises
efetuadas. O objetivo principal deste trabalho é argumentar que as mudanças
linguísticas ocorridas que ão marcas específicas da variedade do português
estudada, enfatizando o léxico da língua e sua interface com a morfologia,
foram processos ecológicos de adaptação do português e dos falantes a
modificações no ecossistema linguístico. Para tanto, esta comunicação se
encontra dividida da seguinte forma: após a introdução, será feito um breve
histórico da língua portuguesa em Timor-Leste, apontando as mudanças que
ocorreram no ecossistema da língua; posteriormente, será realizada a análise do
léxico, observando certos campos semânticos, principalmente os que fazem
referências a significados mais abstratos ou mais específicos, que sofreram
maior modificação; finalmente, algumas considerações finais serão feitas,
principalmente em relação aos processos de mudança linguística como adaptação
ecológica que podem ser estendidos para o estudo da mudança linguística em
demais contextos além do analisado, em Timor-Leste.
PALAVRAS-CHAVE: Língua portuguesa; Timor-Leste;
ecolinguística; léxico.
Minhas comunicações para o IV SIMELP
Em uma postagem anterior (http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2012/10/iv-simelp-com-simposio-dedicado-ao.html), divulguei minha proposta de simpósio, em autoria com a colega Profa. Regina Pires de Brito. Este simpósio será dedicado à língua portuguesa em Timor-Leste, intitula-se O português em Timor-Leste e o português de Timor-Leste, e fará parte do próximo SIMELP. Lembrando que o IV SIMELP (Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa), com subtítulo de Língua Portuguesa: Ultrapassando fronteiras, unindo culturas, acontecerá entre os dias 02 e 05 de Julho de 2013, na UFG (Universidade Federal de Goiás). Mais informações podem ser acessadas em http://eventos.ufg.br/SIEC/portalproec/sites/gerar_site.php?ID_SITE=5921 (site antigo) ou em http://www.simelp.letras.ufg.br/ (site atualizado).
Agora, nesta postagem, para dar continuidade a minha pesquisa, comentarei um pouco mais sobre as duas comunicações a respeito do Português de Timor-Leste (PTL) que apresentarei a este evento, sendo que a primeira, Influências das L1 Nativas no Português de Timor-Leste: Um Estudo dos Marcadores Verbais, fará parte do simpósio mencionado acima, que será o simpósio 16, enquanto haverá uma segunda comunicação de minha autoria, que também analisará o PTL, porém fará parte de outro simpósio, o simpósio 10 (Variedades estigmatizadas de português: uma visão Ecolinguística e sociolinguística), no qual o tema versará sobre uma análise ecolinguística do PTL e tem o seguinte título: A ecologia da mudança lexical no
português falado em Timor-Leste.
Os resumos já estão disponíveis no caderno de resumos do evento, que podem ser baixados em http://www.simelp.letras.ufg.br/simposios/simposios_01_20.pdf, assim como os colocarei separadamente nas próximas duas postagens.
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Wednesday, April 10, 2013
Os crioulos portugueses de Batavia e Tugu - Livro de Philippe Maurer
Em um post anterior falei da presença da língua portuguesa na Indonésia, especialmente na ilha de Flores, que pode ser lido em http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2011/05/lingua-portuguesa-em-flores-indonesia.html. Dando continuidade a este tema, nesta postagem falarei sobre uma publicação que trata exaustivamente dos crioulos de base lexical portuguesa que se formaram na Indonésia, antiga Batávia e Tugu.
No último número da Revista de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola (RCBLPE) (Journal of Portuguese and Spanish Lexicaly-Based Creoles), vol. 3, ano 2012 (http://www.umac.mo/fsh/ciela/rcblpe/vol3_pt.html), saiu uma resenha de um livro que trata dos crioulos portugueses da Indonésia, assunto que interessa a mim e aos leitores do blogue. Dessa maneira, resolvi comentar a resenha e a obra também.
No último número da Revista de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola (RCBLPE) (Journal of Portuguese and Spanish Lexicaly-Based Creoles), vol. 3, ano 2012 (http://www.umac.mo/fsh/ciela/rcblpe/vol3_pt.html), saiu uma resenha de um livro que trata dos crioulos portugueses da Indonésia, assunto que interessa a mim e aos leitores do blogue. Dessa maneira, resolvi comentar a resenha e a obra também.
A resenha foi feita por Anthony P. Grant do livro de Philippe Maurer The former Portuguese Creole of Batavia and Tugu (Indonesia), publicado no ano de 2011 pela Battlebridge Publications, e pode ser lida e baixada no seguinte link: http://www.umac.mo/fsh/ciela/rcblpe/doc/2011_Maurer_review_-_Grant.pdf.
O livro de Maurer está dividido em oito capítulos, assim falarei rapidamente de cada um deles para, posteriormente, comentar a resenha de Grant. No capítulo 1, há uma introdução, apontando algumas características básicas das comunidades falantes dos crioulos, assim como os documentos existentes. no capítulo 2, o autor realiza algumas observações sobre a fonologia desses crioulos, mas vale lembrar que as informações fonológicas são inferenciais, com base na grafia da documentação, e comparativas, com os demais crioulos portugueses asiáticos, já que não há nenhuma gravação dos crioulos de Batavia e Tugu. o capítulo 3 é o maior do livro, onde Maurer realiza a descrição morfossintática dos crioulos, seguido pelo capítulo 4 que aponta os principais processos de formação de palavras. No capítulo 5, são apresentados dados relativos a influências não lusófonas, sendo as principais do malaio, holandês e javanês. Nos capítulos finais, há a reprodução dos dados linguísticos existentes sobre os crioulos, contendo textos e vocabulário, encerrando a tríade comumente utilizada por crioulistas para se realizar a análise de línguas crioulas: gramática, textos e dicionário.
A resenha de Grant expõe de maneira exemplar os capítulos apresentados de maneira sumária no parágrafo anterior. Após tal exposição, Grant aponta os pontos positivos do livro, sendo os seguintes: a grande contribuição para a crioulística, reunindo em uma só obra a análise e a documentação existente sobre os crioulos de Batavia e Tugu, algo nunca feito anteriormente; a análise diatópica é feita de maneira sutil no decorrer de toda a obra, por meio de exemplos de um e outro crioulos; o livro é escrito em um inglês de fácil leitura; as ilustrações (fotos e gravuras) presentes no livro dão um toque estético de muito bom gosto à obra. Como pontos negativos, Grant chama a atenção somente para: a ausência de uma análise diacrônica dos crioulos, já que há documentos que datam do século XVII até o século XIX, porém tal fato se dá não por falha do autor do livro, mas pela diferenciação na documentação dos crioulos; e a língua inglesa utilizada na escrita, apesar de ser excelente, apresenta uma tendência à 'escrita continental' (referindo-se à escrita da língua inglesa por não nativos, já que o autor, Maurer, não é falante nativo de inglês, enquanto o resenhista, Grant, é), chegando Grant a encontrar um erro de grafia.
Assim, recomendo a todos os interessados no tema da língua portuguesa na Indonésia (história, desenvolvimento, o contato de línguas e a formação e extinção dos crioulos) a leitura deste livro de Maurer, juntamente com a resenha de Grant, que pode servir como uma ferramenta introdutória também aos interessados.
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Monday, April 01, 2013
Revista Camões sobre Timor-Leste - 2001
O periódico Camões - Revista de língua e cultura lusófonas em seu número 14, do ano de 2001, publicou uma edição temática sobre Timor-Leste. Este número foi um marco para os estudos leste-timorenses, já que apresentou uma série de estudos que contribuíram para um melhor conhecimento do país nas mais diversas áreas do saber. Há artigos sobre: as línguas locais, a língua portuguesa, história leste-timorense, cultura, invasão indonésia e resistência timorense, identidade nacional, entre outros.
Apesar de ultimamente muito ter se pesquisado sobre alguns temas abordados neste número, o que torna os artigos um tanto ultrapassados, vale a pena ler a contribuição de grandes autores/pesquisadores de Timor-Leste, assim como se verificar como ocorreu a construção do saber sobre Timor-Leste nos últimos anos. Além de ser bibliografia obrigatório para o interessado em Timor-Leste. Desta maneira, a revista é uma leitura indispensável.
Segue abaixo apenas a imagem da capa da revista:
Para download dos artigos separadamente segue o link do próprio Instituto Camões, responsável pela revista: http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/revistas-e-periodicos/revista-camoes/revista-no14-timor-lorosae.html?document_direction=asc&document_sort=created_on.
Para download da revista inteira, assim como um comentário sobre ela, recomendo a consulta ao blogue Língua portuguesa em Timor-Leste: http://profesdeptemtl.blogspot.com.br/2012/12/timor-lorosae-camoes-revista-de-letras.html (devo confessar que fui inspirado por esta postagem do blogue, de meu amigo Nuno Almeida, para elaborar esta minha com o objetivo de divulgar a revista também).
Sunday, March 31, 2013
Política de implantação terminológica em Timor-Leste - publicação
Em um post anterior (http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2012/10/para-uma-politica-de-implantacao.html), divulguei o resumo e a comunicação que eu fiz sobre socioterminologia em Timor-Leste. O título do trabalho Para uma política de implantação terminológica em Timor-Leste apresentado no II CIDS (Congresso Internacional de Dialetologia e Sociolinguística), que aconteceu entre os dias 24 e 27 de setembro de 2012, na UFPA (Universidade Federal do Pará), em Belém.
O trabalho completo foi publicado nos anais do evento, que pode ser baixado completo no seguinte endereço: http://www.youblisher.com/p/540229-ANAIS-II-CIDS-2012/ ou https://www.academia.edu/2121469/Para_uma_politica_de_implantacao_terminologica_em_Timor-Leste.
Ou também para aqueles que desejam fazer a leitura somente deste artigo, deixo disponível abaixo o link para download:
Monday, March 25, 2013
O trabalho da Unilab com os leste-timorenses
A primeira postagem deste ano (um tanto atrasada...) trata-se de um vídeo sobre o trabalho que vem sendo feito pela Unilab - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. A matéria intitulada Estudante timorense realiza no Brasil o sonho de ter um curso superior foi transmitida pela rede Globo (finalmente alguma coisa boa desta emissora, mas acho que se trata de uma afiliada local, no estado do Ceará), no programa Globo Universidade.
A primeira parte (a parte principal) do vídeo apresenta a experiência e a história de vida de Maria Evangelina que é a aluna leste-timorense mais velha do curso de ciências da natureza. Ainda, ela foi aluna de professores brasileiros da cooperação Brasil-Timor-Leste, sendo que alguns professores brasileiros que a lecionaram são colegas meus. A segunda parte do vídeo apresenta algo relativo à infraestrutura da Unilab, focando no trabalho de uma nutricionista.
Tive também o prazer de conhecer dois professores da Unilab, quando participei do II CIDS, são eles Profa. Maria Elias Soares e Prof. Júlio Cesar Dinoá, que vêm fazendo um excelente trabalho junto aos alunos leste-timorenses. Para falar a verdade, esse trabalho vem apresentando resultados positivos e tenho muita vontade de poder contribuir e fazer parte dele futuramente.
Ainda, no mesmo link, abaixo do vídeo, há algumas sugestões de outros vídeos e demais partes do programa sobre a Unilab. Vale a pena conferir.
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