Saturday, May 11, 2013

Influências das L1 Nativas no PTL: Estudo dos Marcadores Verbais

Resumo de minha comunicação intitulada Influências das L1 Nativas no Português de Timor-Leste: Um Estudo dos Marcadores Verbais a ser apresentada no simpósio 16 do IV SIMELP:

RESUMO: A ilha de Timor está situada no sudeste asiático, perto da Austrália e das ilhas do Pacífico, possuindo fronteira física com a Indonésia. Apesar de a colonização portuguesa da ilha ter iniciado no século XVI, a presença efetiva do colonizador europeu ocorreu somente por volta do século XVIII, findando por volta do ano de 1975, quando a Indonésia invadiu e dominou a parte leste da ilha. No ano de 1999, o país reconquistou sua independência e, em 2002, a constituição da República Democrática de Timor-Leste elegeu como línguas oficiais o português e o Tétum-Praça (Tetun Prasa), ao lado do inglês e indonésio como línguas de trabalho. A política linguística da coroa portuguesa para o chamado Timor Português foi a de ensinar a língua portuguesa apenas aos cidadãos importantes: timorenses que tinham qualquer influência sobre as suas aldeias, como: reis, príncipes, sacerdotes e outras pessoas com origens nobres. Esta política sofreu modificações somente no final do século XIX, exatamente no ano de 1898 com a fundação do Colégio de Soibada, quando a administração portuguesa decidiu investir no ensino e nas escolas. Porém, tal situação veio a se modificar, logo em seguida, no século XX, com a invasão japonesa a Timor (1942-1945) e, posteriormente, com a dominação indonésia já citada (1975-1999). Esse contexto contribuiu na formação de uma variedade da língua portuguesa falada em Timor-Leste com alguns traços linguísticos específicos, assim como de outras variedades já conhecidas e melhor estudadas, como o Português de Moçambique (PM) e o Português de Angola (PA). A presente comunicação pretende analisar a variedade da língua portuguesa falada em Timor-Leste, chamada aqui somente de Português de Timor-Leste (PTL), apresentando uma característica notória dessa variedade que é o uso de certos advérbios como marcadores temporais, aspectuais e modais do verbo, principalmente o emprego de como marcador de aspecto perfectivo, ainda marcador de aspecto progressivo/durativo, ainda não como modalizador negativo. Tais marcadores verbais podem ser encontrados também em vários crioulos, notavelmente nos crioulos de base lexical portuguesa. Porém, sem descartar uma possível influência do Crioulo Português de Malaca, do Crioulo Português de Macau e dos crioulos indo-portugueses em Timor-Leste, é argumentado neste trabalho, assim como são apresentadas várias evidências com base nos dados linguísticos coletados em campo, que a influência principal na existência desses marcadores no PTL é a língua materna (L1) do cidadão leste-timorense, já que a maioria das línguas nativas de Timor-Leste é de origem austronésica, com a presença de um grande número de marcadores pré-verbais e pós-verbais para expressar as categorias de tempo, modo e aspecto no verbo. Assim, serão apontadas diversas características dessas línguas maternas, enfatizando a língua Tetun, e a influência delas no PTL.       

PALAVRAS-CHAVE: Língua portuguesa; Timor-Leste; gramaticalização; multilinguismo.

A ecologia da mudança lexical no português falado em Timor-Leste

Resumo da comunicação homônima a ser apresentada no simpósio 10 do IV SIMELP:

RESUMO: A ilha de Timor está situada no sudeste asiático, perto da Austrália e das ilhas do Pacífico, possuindo fronteira física com a Indonésia. Apesar de a colonização portuguesa da ilha ter iniciado no século XVI, a presença efetiva do colonizador europeu ocorreu somente por volta do século XVIII, findando por volta do ano de 1975, quando a Indonésia invadiu e dominou a parte leste da ilha. No ano de 1999, o país reconquistou sua independência e, em 2002, a constituição da República Democrática de Timor-Leste elegeu como línguas oficiais o português e o Tétum-Praça (Tetun Prasa), ao lado do inglês e indonésio como línguas de trabalho. O presente trabalho analisará o processo de mudança lexical ocorrido na variedade da língua portuguesa falada na ilha de Timor-Leste. Serão descritos especificamente o desenvolvimento e a reestruturação lexicais, juntamente com a interface morfológica desses processos. A análise seguirá a teoria ecolinguística da endoecologia, que estuda aspectos estruturais da língua, relacionando-os com o ecossistema, e da crítica ao sistema linguístico, que analisa a estrutura da língua como um objeto construído e/ou influenciado pelo meio ambiente e os diversos processos ecológicos. As metodologias utilizadas foram: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com os falantes em Timor-Leste, onde foram coletados os diversos dados linguísticos. Ainda, fez-se uso da bibliografia ecolinguística como base teórica para as análises efetuadas. O objetivo principal deste trabalho é argumentar que as mudanças linguísticas ocorridas que ão marcas específicas da variedade do português estudada, enfatizando o léxico da língua e sua interface com a morfologia, foram processos ecológicos de adaptação do português e dos falantes a modificações no ecossistema linguístico. Para tanto, esta comunicação se encontra dividida da seguinte forma: após a introdução, será feito um breve histórico da língua portuguesa em Timor-Leste, apontando as mudanças que ocorreram no ecossistema da língua; posteriormente, será realizada a análise do léxico, observando certos campos semânticos, principalmente os que fazem referências a significados mais abstratos ou mais específicos, que sofreram maior modificação; finalmente, algumas considerações finais serão feitas, principalmente em relação aos processos de mudança linguística como adaptação ecológica que podem ser estendidos para o estudo da mudança linguística em demais contextos além do analisado, em Timor-Leste. 

PALAVRAS-CHAVE: Língua portuguesa; Timor-Leste; ecolinguística; léxico.

Minhas comunicações para o IV SIMELP

Em uma postagem anterior (http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2012/10/iv-simelp-com-simposio-dedicado-ao.html), divulguei minha proposta de simpósio, em autoria com a colega Profa. Regina Pires de Brito. Este simpósio será dedicado à língua portuguesa em Timor-Leste, intitula-se O português em Timor-Leste e o português de Timor-Leste, e fará parte do próximo SIMELP. Lembrando que o IV SIMELP (Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa), com subtítulo de Língua Portuguesa: Ultrapassando fronteiras, unindo culturas, acontecerá entre os dias 02 e 05 de Julho de 2013, na UFG (Universidade Federal de Goiás). Mais informações podem ser acessadas em http://eventos.ufg.br/SIEC/portalproec/sites/gerar_site.php?ID_SITE=5921 (site antigo) ou em http://www.simelp.letras.ufg.br/ (site atualizado). 

Agora, nesta postagem, para dar continuidade a minha pesquisa, comentarei um pouco mais sobre as duas comunicações a respeito do Português de Timor-Leste (PTL) que apresentarei a este evento, sendo que a primeira, Influências das L1 Nativas no Português de Timor-Leste: Um Estudo dos Marcadores Verbais, fará parte do simpósio mencionado acima, que será o simpósio 16, enquanto haverá uma segunda comunicação de minha autoria, que também analisará o PTL, porém fará parte de outro simpósio, o simpósio 10 (Variedades estigmatizadas de português: uma visão Ecolinguística e sociolinguística), no qual o tema versará sobre uma análise ecolinguística do PTL e tem o seguinte título: A ecologia da mudança lexical no português falado em Timor-Leste.

Os resumos já estão disponíveis no caderno de resumos do evento, que podem ser baixados em http://www.simelp.letras.ufg.br/simposios/simposios_01_20.pdf, assim como os colocarei separadamente nas próximas duas postagens.