Resumo de minha comunicação intitulada Influências das L1 Nativas no Português de Timor-Leste: Um Estudo dos Marcadores Verbais a ser apresentada no simpósio 16 do IV SIMELP:
RESUMO: A ilha de Timor
está situada no sudeste asiático, perto da Austrália e das ilhas do Pacífico,
possuindo fronteira física com a Indonésia. Apesar de a colonização portuguesa
da ilha ter iniciado no século XVI, a presença efetiva do colonizador europeu
ocorreu somente por volta do século XVIII, findando por volta do ano de 1975,
quando a Indonésia invadiu e dominou a parte leste da ilha. No ano de 1999, o
país reconquistou sua independência e, em 2002, a constituição da República
Democrática de Timor-Leste elegeu como línguas oficiais o português e o
Tétum-Praça (Tetun Prasa), ao lado do inglês e indonésio como línguas de
trabalho. A política linguística da coroa portuguesa para o chamado Timor Português foi a de ensinar a
língua portuguesa apenas aos cidadãos importantes: timorenses que tinham
qualquer influência sobre as suas aldeias, como: reis, príncipes, sacerdotes e
outras pessoas com origens nobres. Esta política sofreu modificações somente no
final do século XIX, exatamente no ano de 1898 com a fundação do Colégio de
Soibada, quando a administração portuguesa decidiu investir no ensino e nas
escolas. Porém, tal situação veio a se modificar, logo em seguida, no século
XX, com a invasão japonesa a Timor (1942-1945) e, posteriormente, com a
dominação indonésia já citada (1975-1999). Esse contexto contribuiu na formação
de uma variedade da língua portuguesa falada em Timor-Leste com alguns traços
linguísticos específicos, assim como de outras variedades já conhecidas e
melhor estudadas, como o Português de Moçambique (PM) e o Português de Angola
(PA). A presente comunicação pretende analisar a variedade da língua portuguesa
falada em Timor-Leste, chamada aqui somente de Português de Timor-Leste (PTL),
apresentando uma característica notória dessa variedade que é o uso de certos
advérbios como marcadores temporais, aspectuais e modais do verbo,
principalmente o emprego de já como
marcador de aspecto perfectivo, ainda
marcador de aspecto progressivo/durativo, ainda
não como modalizador negativo. Tais marcadores verbais podem ser
encontrados também em vários crioulos, notavelmente nos crioulos de base
lexical portuguesa. Porém, sem descartar uma possível influência do Crioulo
Português de Malaca, do Crioulo Português de Macau e dos crioulos
indo-portugueses em Timor-Leste, é argumentado neste trabalho, assim como são
apresentadas várias evidências com base nos dados linguísticos coletados em
campo, que a influência principal na existência desses marcadores no PTL é a
língua materna (L1) do cidadão leste-timorense, já que a maioria das línguas
nativas de Timor-Leste é de origem austronésica, com a presença de um grande
número de marcadores pré-verbais e pós-verbais para expressar as categorias de
tempo, modo e aspecto no verbo. Assim, serão apontadas diversas características
dessas línguas maternas, enfatizando a língua Tetun, e a influência delas no
PTL.
PALAVRAS-CHAVE: Língua portuguesa; Timor-Leste; gramaticalização; multilinguismo.
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