Em um post anterior falei da presença da língua portuguesa na Indonésia, especialmente na ilha de Flores, que pode ser lido em http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2011/05/lingua-portuguesa-em-flores-indonesia.html. Dando continuidade a este tema, nesta postagem falarei sobre uma publicação que trata exaustivamente dos crioulos de base lexical portuguesa que se formaram na Indonésia, antiga Batávia e Tugu.
No último número da Revista de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola (RCBLPE) (Journal of Portuguese and Spanish Lexicaly-Based Creoles), vol. 3, ano 2012 (http://www.umac.mo/fsh/ciela/rcblpe/vol3_pt.html), saiu uma resenha de um livro que trata dos crioulos portugueses da Indonésia, assunto que interessa a mim e aos leitores do blogue. Dessa maneira, resolvi comentar a resenha e a obra também.
No último número da Revista de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola (RCBLPE) (Journal of Portuguese and Spanish Lexicaly-Based Creoles), vol. 3, ano 2012 (http://www.umac.mo/fsh/ciela/rcblpe/vol3_pt.html), saiu uma resenha de um livro que trata dos crioulos portugueses da Indonésia, assunto que interessa a mim e aos leitores do blogue. Dessa maneira, resolvi comentar a resenha e a obra também.
A resenha foi feita por Anthony P. Grant do livro de Philippe Maurer The former Portuguese Creole of Batavia and Tugu (Indonesia), publicado no ano de 2011 pela Battlebridge Publications, e pode ser lida e baixada no seguinte link: http://www.umac.mo/fsh/ciela/rcblpe/doc/2011_Maurer_review_-_Grant.pdf.
O livro de Maurer está dividido em oito capítulos, assim falarei rapidamente de cada um deles para, posteriormente, comentar a resenha de Grant. No capítulo 1, há uma introdução, apontando algumas características básicas das comunidades falantes dos crioulos, assim como os documentos existentes. no capítulo 2, o autor realiza algumas observações sobre a fonologia desses crioulos, mas vale lembrar que as informações fonológicas são inferenciais, com base na grafia da documentação, e comparativas, com os demais crioulos portugueses asiáticos, já que não há nenhuma gravação dos crioulos de Batavia e Tugu. o capítulo 3 é o maior do livro, onde Maurer realiza a descrição morfossintática dos crioulos, seguido pelo capítulo 4 que aponta os principais processos de formação de palavras. No capítulo 5, são apresentados dados relativos a influências não lusófonas, sendo as principais do malaio, holandês e javanês. Nos capítulos finais, há a reprodução dos dados linguísticos existentes sobre os crioulos, contendo textos e vocabulário, encerrando a tríade comumente utilizada por crioulistas para se realizar a análise de línguas crioulas: gramática, textos e dicionário.
A resenha de Grant expõe de maneira exemplar os capítulos apresentados de maneira sumária no parágrafo anterior. Após tal exposição, Grant aponta os pontos positivos do livro, sendo os seguintes: a grande contribuição para a crioulística, reunindo em uma só obra a análise e a documentação existente sobre os crioulos de Batavia e Tugu, algo nunca feito anteriormente; a análise diatópica é feita de maneira sutil no decorrer de toda a obra, por meio de exemplos de um e outro crioulos; o livro é escrito em um inglês de fácil leitura; as ilustrações (fotos e gravuras) presentes no livro dão um toque estético de muito bom gosto à obra. Como pontos negativos, Grant chama a atenção somente para: a ausência de uma análise diacrônica dos crioulos, já que há documentos que datam do século XVII até o século XIX, porém tal fato se dá não por falha do autor do livro, mas pela diferenciação na documentação dos crioulos; e a língua inglesa utilizada na escrita, apesar de ser excelente, apresenta uma tendência à 'escrita continental' (referindo-se à escrita da língua inglesa por não nativos, já que o autor, Maurer, não é falante nativo de inglês, enquanto o resenhista, Grant, é), chegando Grant a encontrar um erro de grafia.
Assim, recomendo a todos os interessados no tema da língua portuguesa na Indonésia (história, desenvolvimento, o contato de línguas e a formação e extinção dos crioulos) a leitura deste livro de Maurer, juntamente com a resenha de Grant, que pode servir como uma ferramenta introdutória também aos interessados.
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