A língua Tétum sempre teve destaque na historiografia portuguesa a respeito de Timor Leste, tanto através de referências diretas, quanto de referências indiretas. Muitas dessas referências à língua, aos reis tetumófonos - como o rei de WeHali e o rei de Luca - , e aos reinos de Servião e Belos podem ser achados na coletânea de Artur Basílio de Sá, chamada Documetação para a História das Missões do Padroado Português do Oriente (1991-1996), em 12 volumes.
Quando os portugueses foram expulsos de Lifau estabeleceram-se em Dili, mas também houve o estabelecimento de colégios católicos no atual distrito de Manatuto cuja língua Galolen é a língua materna predominate. Sá (1961) lista uma série de publicações do Pe. Manuel Maria Alves da Silva, datadas entre os anos de 1888 e 1905, que visavam ensinar a língua Galolen para os falantes de outras línguas, assim como ensinar a língua portuguesa para os falantes de Galolen.
Esse fato histórico é fundamental para se compreender melhor a natureza dos contatos linguísticos em Timor Leste, já que um dos argumentos sócio-históricos utilizados para uma suposta crioulização, ou pidgnização, da língua Tétum foi sua eleição pela administração portuguesa e pela igreja católica como língua franca. Esse argumento, então, prova-se falho, já que tal processo ocorreu também com a língua Galolen e não gerou nenhuma variedade de lingua franca, nem variedade crioula. Deve-se, desta maneira, recorrer a outros fatores sócio-históricos e anteriores ao comentado, como já fez Thomaz (2002), que em minha opinião até a atualidade apresentou os argumentos mais sólidos para a ascensão da língua Tétum como língua franca, entre eles a documentação historiográfica portuguesa, algumas evidências linguísticas e estudos toponímicos.
Ainda, recentemente apresentei argumentos de natureza linguística, em Albuquerque (2010), sobre a natureza das mudanças linguísticas em Timor Leste. Devido ao contato intenso entre algumas línguas leste-timorense, há entre estas um grupo que sofreu uma reestruturação gramatical, como o Mambae, Tokodede e o Tétum-Praça.
Com o que comentei brevemente, podemos chegar a uma conclusão: há muito a ser estudado sobre as questões a respeito do contato de línguas em Timor Leste.
Ainda, recentemente apresentei argumentos de natureza linguística, em Albuquerque (2010), sobre a natureza das mudanças linguísticas em Timor Leste. Devido ao contato intenso entre algumas línguas leste-timorense, há entre estas um grupo que sofreu uma reestruturação gramatical, como o Mambae, Tokodede e o Tétum-Praça.
Com o que comentei brevemente, podemos chegar a uma conclusão: há muito a ser estudado sobre as questões a respeito do contato de línguas em Timor Leste.
Referências:
Albuquerque, D. B. Contatos lingüísticos em Timor Leste: mudanças e reestruturação gramatical. Comunicação apresentada ao VI Encontro da Associação Brasileira de Estudos Crioulos e Similares, Salvador, 2010.
Sa, A. B. 1961. Textos em teto da literatura oral timorense. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar.
_____. 1991-1996. Documentação para a História das Missões do Padroado Português do Oriente. Fundação Oriente/Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, vol. 1-12.
Thomaz, L. F. 2002. Babel Loro Sa’e: O Problema Lingüístico de Timor Leste. Lisboa: Instituto Camões.
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