Wednesday, December 19, 2012

Cédulas antigas de Timor

Como está em época de natal, assim como meu aniversário é próximo a esta data, no mês de dezembro acabo por ganhar alguns presentes, e também me dou ao luxo cometer atos de vaidade, como comprar itens colecionáveis. Desta maneira, adquiri algumas cédulas antigas de Timor, e encomendei outras mais e agora estou somente aguardando os correios, que sei que é um tanto demorado e caro normalmente, imagina em época de festa!

Bem, minhas primeiras aquisições foram as notas de 100 escudos ($) da série de D. Aleixo, juntamente com a de $ 500, que datam de 1963, e as notas de 20 e 50 escudos da mesma série, porém foram emitidas em 1967. Finalmente, a cédula de 1000 escudos foi emitida no ano posterior, em 1968. Sobre D. Aleixo e sua importância evidente para a história, cultura e identidade leste-timorense, na forma de um herói nacional, não falarei aqui, pois já tratei deste nobre cidadão timorense em uma postagem anterior (http://easttimorlinguistics.blogspot.com.br/2012/11/a-guerra-de-manufahi-1911-1912.html). 

(Cédulas de $ 100 e $ 500, série D. Aleixo, 1963) 

     
(Cédulas de $ 20 e $ 50, série D. Aleixo, 1967)



(Cédula de $ 1000, série D. Aleixo, 1968)


Essas notas anteriores série D. Aleixo, são as mais fáceis de se encontrar e estão disponíveis em coleções e sites de leilão, de compra, entre outros. Há também duas séries que fiz o pedido e estou esperando-as chegar, são as séries de Celestino da Silva e da dominação japonesa, que falarei a seguir.

A série Celestino da Siva data de 1959 e é um marco, pois se trata do fim da pataca (unidade monetária usada anteriormente) e o início do escudo. A série homenageia José Celestino da Silva, militar português, governador de Timor entre os anos de 1894 e 1908, que em seu período acabou por sufocar diversos reinos rebeldes, assim como em sua campanha militar acabou por construir diversas bases, fortes e postos militares, juntamente com a abertura de escolas e estradas para os distritos mais isolados, e também inseriu diversas culturas, destacando-se a do café. Proibiu o corte do sândalo, tornou Timor independente de Macau e trouxe uma série de tropas moçambiquenhas a Timor, os chamados landins. As cédulas circularam com os valores incomuns de $ 30 e $ 60, pois uma pataca equivalia aproximadamente a 6 escudos, e também foram emitidas cédulas de $ 100 e $ 500.

Ainda, esta série de Celestino da Silva e a anterior de D. Aleixo foram feitas com o mesmo formato de chapa, possuindo o design semelhante (mudando mais as cores, números, tamanho e o homenageado da série), e eram escritas em português e chinês, devido a relação que Timor possuía com Macau dentro da administração portuguesa.

 (Cédulas de $ 30, $ 60, $ 100 e $ 500, série Celestino da Silva, 1959)





A série da ocupação japonesa circulou em Timor grosso modo durante o período de dominação japonesa, pois entraram em vigor em 1942 e no ano seguinte, em 1943, o estoque de notas havia esgotado e ocorreram negociações e empréstimos para o dinheiro continuar circulando. A unidade monetária instituída foi o Gulden, que equivalia a pataca, a havia notas de Gulden (1, 5 e 10) e de centavos de Gulden (1, 5, 10 e 50, ou 1/2) As notas possuem poucos detalhes, não possuem datas nem assinatura, algumas foram feitas com marca d'água, outras não, isto fez com que ocorressem falsificações, que não podem ser distinguidas das originais. Até os números de série eram um tanto desordenados, pois há somente a letra 'S', referente à região de Sumatra, que é comum em todas as notas, assim há também: números de série formados somente por duas letras Sh; três letras fracionadas S/aa; letras e números S/99; e S seguido por um grande número de série. As notas eram escritas em holandês, pelo fato de grande parte do território indonésio ser de colonização holandesa, e japonês.

 (Cédulas de 1, 5 e 10 centavos de Gulden, série da ocupação japonesa, 1942)


 (Cédulas de 1/2 e 1 Gulden, série da ocupação japonesa, 1942)


 (Cédulas de 5 e 10 Gulden, série da ocupação japonesa, 1942)


As demais cédulas são de difícil acesso, sendo raras e ocasionalmente surgem em leilões para serem arrematadas por preços muito alto, bem maiores do que as cédulas mostradas aqui, de acesso mais fácil. Caso eu consiga obter alguma delas, eu farei uma segunda postagem sobre cédulas de Timor neste mesmo blogue. 

Considero muito interessante o estudo das cédulas de Timor, pois revelam características de sua história (relação com Macau, dominação japonesa, a homenagem a figuras importantes para o colonizador e para o colonizado), sua cultura (a importância do líder nativo e herói nacional, D. Aleixo) e de suas línguas (descaso com as línguas nativas, predominância da língua portuguesa, importância do chinês, o dominador japonês tentando impor sua língua e a língua do outro, o holandês).

Caso algum leitor conheça mais sobre o assunto, ou alguém saiba dessas e outras cédulas à venda podem entrar em contato comigo, ou deixar comentários nesta postagem, eu fico muito agradecido a todos...

Espero que tenham gostado... Para maiores informações ver: o Forum dos Numismatas http://www.numismatas.com/phpBB3/viewtopic.php?t=13732 e Revista Moeda, v. II, n. 11/12,  http://www.conteudos.easysite.com.pt/files/48/ficheiros/notafilia/NotasTimor.pdf.

Tuesday, December 11, 2012

Um texto sobre a grande mídia brasileira e suas gafes

Há anos que venho falando e tentando conscientizar ao menos aqueles que estão a minha volta, que um dos grandes problemas do Brasil são os grandes meios de comunicação em massa, além da corrupção e a desvalorização da educação formal, é claro, que acabam por selecionar um grupinho de pessoas (desqualificadas, sem talento ou mérito, e de caráter e moral duvidosos) que falam um monte de lixo e besteira sobre os mais variados assuntos, e dizem representar a opinião e o pensamento do brasileiro. 

É tudo mentira!

Eu não não saio latindo opiniões ridículas, nem vomitando pensamentos pseudointelectuais (ou melhor, vindo de onde veio, é possível chamar de 'intelectualoide').

Assim, nesta postagem faço um intervalo sobre os estudos acadêmicos de Timor-Leste para parabenizar o texto da professora Mafalda Carvalho sobre as gafes que a atriz Maitê Proença, da rede globo (só podia ser...), cometeu ao fazer humor sobre Portugal. O texto é retirado do link que está sendo compartilhado no facebook: https://www.facebook.com/Vergonhadeserbrasileiros, porém há uma série de jornais brasileiros e estrangeiros disponíveis na internet que trazem diferentes reportagens sobre o tema.

Só tenho a lamentar que os meios de comunicação em massa no Brasil (televisão, jornal e rádio), principalmente as grandes redes dominantes, como é o caso da globo, somente servem para propagar asneiras, desinformação e manipulação ideológica de grande parte da população do Brasil, que é pouco estudada ou teve um ensino de péssima qualidade, como o que vem sido oferecido nos últimos anos. 

É uma pena, espero que os portugueses não pensem que todos os brasileiros são assim...

Isto é apenas mais uma atriz da GLOBO nos deixando de saia justa... 

Antes de lerem a carta da Dra. Mafalda Carvalho, Professora Doutora da Universidade de Coimbra, endereçada à Maitê Proença, algumas observações sobre as razões da missi
vista:

1) Maitê Proença disse no programa "Saia Justa" umas gracinhas sobre a inteligência dos portugueses. Fez comentários descabidos sobre a História de Portugal, sobre tradições portuguesas que ela desconhece, sobre o estuário do Rio Tejo, reduziu Sintra a uma vilazinha, criticou e ridicularizou o atendimento a seu PC pelo pessoal do hotel onde estava hospedada... e por aí afora.

2) O programa passa em Portugal e causou um grande mal estar lá na "terrinha". Quando foi execrada pelos portugueses, no seu pedido de desculpas ainda disse que o povo Português não tem senso de humor. Que foi "apenas" uma brincadeirinha.
3) É o que dá quando a pessoa fala sem conhecimento de causa. Esta professora portuguesa além de escrever muito bem,
acabou com a Maitê Proença e de quebra, com os nossos representanres em Brasília, protagonistas de um vasto anedotário.

4) Leia até o fim, pois a postura da Professora é excelente e nós.... temos que ficar caladinhos....
5) É isso que dá, alguém despreparado emitir conceitos sobre assuntos que não domina, com apoio dos alienados das redes de TV Brasileira, que se consideram o máximo em cultura ..

6) E temos que engolir calados e com humildade o desabafo dessa senhora portuguesa, generalizando e nivelando todos os brasileiros. Mesmo porque ela não diz nenhuma inverdade.

7) A que ponto chegamos! Não temos mais nem o direito de nos indignar. Pobre Brasil! É o declínio moral de uma Nação.


CARTA-RESPOSTA DE UMA PROFESSORA E DOUTORA PORTUGUESA PARA MAITÉ PROENÇA

Exma. Senhora:
Foi com indignação que vi a ‘peça cómica’ que fez em Portugal e passou no programa Saia Justa em que participa. Não que me espante que o tenha feito – está à altura da imagem que há muito tenho de si, pelo que me tem sido dado ver pelos seus desempenhos – mas sim pelo facto da TV Globo ter permitido que tal ignorância fosse para o ar.

Só para que possa, se conseguir, ficar um pouco mais esclarecida: A ‘vilazinha’ de Sintra é património da Humanidade, classificada pela UNESCO e unanimemente reconhecida como uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas do mundo;

Em Portugal, onde existem pessoas que olham para o mouse do seu computador como se de uma capivara se tratasse, foi onde foi inventado o serviço pré-pago de telefones móveis (os celulares) – não existia nenhum no mundo que sequer se aproximasse e foi também o que inventou o sistema de passagem nas portagens (pedagios, se preferir), sem ter que parar – quando passar por alguma, sem ter que ficar na fila, lembre-se que deve isso aos portugueses.

É um dos países do Mundo com maior taxa de penetração de computadores e serviços de internet em ambiente doméstico. É o único país do mundo onde TODAS as crianças que frequentam a escola têm acesso directo a um computador (no próprio estabelecimento de ensino) – e em Portugal TODAS as crianças vão à escola... Muitas delas até têm um computador próprio, para seu uso exclusivo, oferecido ou parcialmente financiado pelo Ministério da Educação – já ouviu falar do Magalhães? É natural que não... mas saiba que é uma criação nossa, que está a ser adquirida por outros países. Recomendo-o vivamente – é muito simples e adequado para quem tem poucos conhecimentos de informática.

Somos tão inovadores em matéria de utilização de tecnologia informática e web nas escolas, que o nosso caso foi recomendado por especialistas americanos, como exemplo a seguir, a Barack Obama, que é só o Presidente dos Estados Unidos –ao Sr. Lula da Silva tal não seria oportuno, porque ele considera que a Escola não é determinante no sucesso das pessoas (e, no Brasil , a julgar pelo próprio, tem toda a razão).

A internet à velocidade de 1 Mega, em Portugal há muito que é considerada obsoleta – eu percebo que não entenda porquê, porque no Brasil é hoje anunciada como o grande factor diferenciador a transmissão por cabo que já não nos interessa. Já estamos noutra – estamos entre os países do mundo com a rede de fibra óptica mais desenvolvida.E nesse contexto 1 Mega é mesmo uma brincadeira.

O ditador a que se refere – o Salazar – governou, infelizmente, ‘mais de 20 anos’, mas para a próxima, para ser mais precisa, diga que foram 48 (INFELIZMENTE, é mais do dobro de 20). Ainda assim, e apesar do muito dano que nos causou a sua governação, nós, portugueses, conseguimos em 35 anos reduzir praticamente a ZERO a taxa de analfabetos e baixar para cifras irrisórias o nível de mortalidade infantil e de mulheres no parto onde estamos entre os melhores do mundo.

Criar uma rede viária que é das mais avançadas do mundo – em Portugal, sem exceder os limites de velocidade e sem correr risco de vida, fazemos 300 km em duas horas e meia (daria tanto jeito que no Brasil também fosse assim!).

Melhorar muito o nível de vida das pessoas, promovendo salários e condições de trabalho condignos. Temos ainda muito para fazer nesta matéria, mas já não temos pessoas fechadas em elevadores, cuja função é apenas carregar no botão do andar pretendido – cada um de nós sabe como fazê-lo e aproveitamos as pessoas para trabalhos mais estimulantes e úteis; também já não temos trabalhadores agrícolas em regime de escravatura – cada pessoa aqui tem um salário, não trabalha a troco de um prato de comida.

Colocar-nos na vanguarda mundial das energias renováveis, menos poluentes, mais preservadoras do planeta; enquanto uns continuam a escavar petróleo, nós estamos a instalar o maior parque de energia eólica do mundo (é a energia produzida a partir do vento).

Poderia também explicar-lhe quem foi Camões, Fernando Pessoa, etc., cujos túmulos viu no Mosteiro dos Jerónimos, mas eles merecem muito mais.

Ah!, já agora, deixe-me dizer-lhe também que num ponto estou muito de acordo consigo: temos muito pouco sentido de humor. É verdade. Não acharíamos graça nenhuma se tivéssemos deputados a receber mesada para votarem num certo sentido, não nos divertiria muito se encontrassem dirigentes políticos com dinheiro na cueca, não nos faria rir ter senadores a construir palácios megalómanos à conta de sobre-facturação do Estado, não encontramos piada quando os políticos favorecem familiares e usam o seu poder em benefício próprio. Ficaríamos, pelo contrário, tão furiosos, que os colocaríamos na cadeia. Veja só – quanta falta de humor. Mas, pelo contrário, fazem-me rir as sessões plenárias do senado brasileiro. Aqui em Portugal , e estou certa que em toda a Europa, tal daria um excelente programa de humor.

Que estranho, não é?

Para terminar só uma sugestão: deixe o humor para quem no Brasil o sabe fazer com competência (e há humoristas muito bons no Brasil ). Como alternativa, não sei o que lhe sugerir, porque ainda não a vi fazer nada que verdadeiramente me indicasse talento..

Peço desculpa por não poder contribuir.

Mafalda Carvalho - Professora Doutora da Universidade de Coimbra




Sunday, December 09, 2012

O genocídio indonésio em Timor-Leste

Excelente notícia do blogue Página Global, que se chama Genocídio em Timor-Leste, 7 de dezembro de 1975 - Os roubos e a miséria atual, discuti a invasão indonésia que foi um verdadeiro massacre, genocídio, a que foi submetida a população leste-timorense. A Indonésia implantou um regime opressor e ditatorial, com torturas e matanças, que foram escondidas da mass media durante muitos anos, provavelmente só veio à tona com as filmagens de Stahl em 1991, durante o massacre de Santa Cruz.

Portanto, que esta notícia fique como reflexão para os estrangeiros que atuam em Timor-Leste, assim como para os governantes do país que estão sendo acusados de corrupção, desvio de verbas, entre outras coisas, juntamente com a geração mais nova leste-timorense que é simpatizante ao regime indonésio, que pensem no que há de 'simpatizar' sobre o que a Indonésia fez a Timor...

Segue a notícia:


GENOCÍDIO EM TIMOR-LESTE, 7 DE DEZEMBRO DE 1975 – OS ROUBOS E A MISÉRIA ATUAL

 

António Veríssimo, com Ana Loro Metan – com vídeos
 
Timor-Leste, 7 de dezembro de 1975, a invasão pelas tropas indonésias. Até à presente data passaram 37 anos. Aconteceram há poucos dias as comemorações correspondentes para memória futura. Que se saiba, em Portugal, a data passou sem referências relevantes, diríamos mesmo que passou sem que nada fosse referido, que saibamos. Propositadamente optámos por também não o referir e assim preparar para o dia de hoje a divulgação da efeméride do silêncio. Admitimos que estivéssemos enganados, procurámos… Nada.
 
Ao longo da existência da Fábrica dos Blogues, do Timor Lorosae Nação, e depois do Página Global, não deixámos passar um ano sem que não recordássemos a invasão de Timor-Leste pela Indonésia de Shuarto com a cumplicidade dos Estados Unidos da América, da Inglaterra e da Austrália – os países mais relevantes no massacre de timorenses. A preponderância de um verdadeiro criminoso de guerra norte-americano, Henry Kissinger, então secretário de estado dos EUA, com o aval do seu presidente Gerald Ford, foram os cúmplices, quase mentores, da invasão e consequente genocidio que vitimou cerca de 300 mil timorenses ao longo de quase um quarto de século. Portugal, pequeno país, pouco mais podia que contestar o ocorrido nas instâncias internacionais, na ONU. Coube aos timorenses a libertação do seu território, do seu país. Foi preponderante o valor guerreiro e patriótico da resistência, as Falintil, um exército irregular composto pelo povo. Milhares tombaram para sempre, uns referenciados pelas suas ações, outros incognitamente. Todos eles foram os heróis que deverão ser sempre homenageados e recordados com vemência por todos os séculos ou milénios futuros da nação timorense.
 
Quase na atualidade, em 2010, uma timorense que viveu a invasão, que deu à Pátria muitos dos seus entes queridos, que sofreu agruras e torturas infligidas pelos invasores – e que faleceu há alguns meses com o regozijo de ter visto a sua Pátria independente - que fez parte da equipa da Fábrica dos Blogues escrevia acerca da efeméride:
 
Invasão de Timor: NÃO ESQUEÇAMOS AS VÍTIMAS NEM OS TRAIDORES!
 
Ana Loro Metan – Timor Lorosae Nação, em 07.12.10 - reposição

PASSADO DOLOROSO DE UM POVO, PRESENTE VERGONHOSO DOS LÍDERES

Em Timor Leste o dia está prestes a terminar. Há 35 anos, a 7 de dezembro de 1975, por esta hora já havia milhares de cadáveres pelo país. Cadáveres de timorenses. Filhos da Pátria que procuraram resistir à ocupação indonésia. Outros, filhos da Pátria, que sem esboçarem a mínima resistência foram igualmente assassinados.

As ruas de Dili estavam pejadas de cadáveres remetidos ao silêncio pelo ocupante assassino indonésio. Timor inteiro ficou em silêncio, nem as dores de sofrimento dos imensos feridos – muitos deles que viriam a sucumbir nos dias imediatamente a seguir a terem sido vítimas dos indonésios. Nada se ouvia, nem as dores, nem o medo, nem a fome, nem os choros. O silêncio só era interrompido pelas viaturas dos ocupantes, pelos estrondos das suas armas, dos seus passos, das suas vozes em perseguição do extermínio de todos nós. Logo nas quatro primeiras semanas mais de 10 mil timorenses pereceram às mãos das sanguinárias forças armadas indonésias. E hoje o que se recorda?

Na comemoração da efeméride nada se recorda sobre a verdadeira realidade dos acontecimentos. Os assassinos, militares ou civis indonésios ao serviço da secreta, continuam a gozar da impunidade que o mundo e os dirigentes timorenses consideram merecer. Actualmente todos comem à mesma mesa, riem das mesmas graças, trocam cheques dos mesmos bancos, cumprimentam-se e abraçam-se sobre terrenos onde estão os ossos das vítimas misturadas nas valas comuns. Muitas dessas vítimas donos de corpos jovens, também velhos ou crianças, alguns enterrados vivos. Talvez por isso Ramos Horta, Xanana Gusmão e muitos outros, tenham vergonha de comemorar como devem a efeméride. Conscientes dos seus conluios e das suas traições.

Timorense que se respeite e se preze jamais esquecerá as quase 300 mil vítimas dos cerca de 25 anos de ocupação e de assassinatos impunes. Impunes por vontade de Ramos Horta e de muitos outros traidores que se alaparam nos poderes da Nação timorense distribuindo fome e miséria ao povo que acreditou neles sem que o devesse fazer. Beneficiando imerecidamente de boa vida sobre os cadáveres dos nossos familiares, dos seus próprios familiares.

Resta-nos jamais esquecer as vítimas… Nem os traidores. (fim ALM)
 
EM TIMOR-LESTE NÃO ESQUECEM A EFEMÉRIDE DO TERROR
 
Contrariamente ao silêncio que aconteceu em Portugal (pelo que conhecemos), em Timor-Leste não esquecem a efeméride. Também era o faltava. Se assim fosse seria a cereja sobre o bolo intragável da traição. O grupo cultural Arte Moris abriu as portas do seu auditório para a exposição sobre o dia da invasão indonésia a Timor-Leste. Outras iniciativas e homenagens marcaram a data pelo país do sol nascente. Em Portugal, em português, que saibamos, quase nada ou nada foi referenciado. Para a maioria dos situacionistas Timor-Leste é livre, independente e os timorenses vivem em democracia. Infelizmente não é esta a verdade que podemos constatar no terreno, no país. Abundam as carências alimentares, há enormes carências de cuidados de saúde, escolares, de emprego, de habitação, de redes viárias, etc., etc. A sobrevivência e a dignidade de centenas de milhares de timorenses está a ser aviltada.
 
Poder-se-ia dizer que o facto de Timor-Leste estar votado a país do terceiro mundo se deve ao facto de ter só 10 anos de existência enquanto nação independente e que os indonésios e as matilhas de celerados assassinos das milícias timorenses ao seu serviço destruíram literalmente o país e suas infraestruturas em 1999 após o referendo ter sido fortemente favoravel à independência. Em parte é verdade. Só em parte. A responsabilidade do restante sobre a miséria e as injustiças sociais que impendem sobre quase 90 por cento dos cidadãos timorenses cabe a uma boa percentagem de lideres ditos históricos e lideres da atualidade que mais não são que traidores dos propósitos daqueles que deram as vidas pela libertação do povo e do país. Assim como a certos vícios de seitas prevalecentes na ONU e que para muitos se comparam a máfias mundiais que servem interesses adversos aos povos a quem as missões deviam servir a cem por cento.
 
A realidade timorense está anexa a obscuros enriquecimentos, corrupção e roubos, que se têm multiplicado durante o primado ministerial de Xanana Gusmão. Não se podendo afirmar que Ramos Horta cumpriu contra isso a sua missão enquanto presidente da República. E tudo ocorre de modo impune, à moda de Timor-Leste, com a conivência e o silêncio de muitos outros estrangeiros e da ONU. Os milhões provindos do petróleo e do gás correm céleres para as contas encapotadas de uma elite sorridente e putrefacta que está a condenar a vasta maioria dos timorenses à miséria, à fome, à subserviência e à sobrevivência por qualquer preço menos digno. Condena mulheres, jovens e crianças à prostituição. Existe um rácio elevado de pedofilia de que nem se fala, nem se aborda. Há anos que impendem acusações disso mesmo contra o bispo Ximenes Belo, por exemplo – de que a atual Procuradora Geral da República tem conhecimento – mas tudo é relegado ao ostracismo, à ineficácia, ao silêncio puro, duro, indigno e intolerável.
 
Este é o Timor-Leste do presente, dominado por uns quantos que traem a memória dos heróis do passado que pereceram, dos heróis do passado que ainda existem, das crianças e dos jovens de agora, dos velhos, das mulheres e homens que na impossibilidade de se alimentarem da independência passam fome, muitas carências e fazem escolhas no lixo em busca de alimentos que outros tenham desprezado. De restos alimentares que ingerem aplacando a fome. Eis o Timor-Leste de hoje, em pleno reinado de uma estirpe de traidores encimados por Xanana Gusmão com a impossibilidade e silêncio de um presidente da República há pouco tempo eleito, Taur Matan Ruak - herói da libertação - mas que tem curta margem de manobra constitucional para fazer frente ao todo poderoso status da mafia instalada. O que não significa que também ele esteja a constituir uma grande desilusão. O costume, nos que se instalam nos poderes.
 
Foi o povo timorense, os eleitores, que ainda há pouco tempo reelegeram Xanana Gusmão e o seu partido (CNRT) para continuar com a devassa. A exemplo de muitos povos a certeza que fica é de que neles é genético as tendências para o masoquismo, para o sofrimento que promete o céu no além – segundo o dito pelas religiões a operar no terreno, com destaque para a igreja católica que se arroga de ter mais de 90 por cento de crentes entre a população timorense. Que tem o histórico domínio daquele povo, isso é verdade. Com uns e outros a dominar concluiu-se que existe um caldo de cultura para dominar a maioria dos timorenses tornando-os mansos apesar da fome e das injustiças quotidianas. Algo muito mais eficaz do que o obtido pelos invasores indonésios de que se libertaram, teórica e aparentemente… Seguro existir são os roubos e a miséria atual.
 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Sejamos optimistas. Um dia…
 
Referências de interesse:
Ocupação deTimor-Leste pela Indonésia – texto da wikipedia 

Documentário RTP(1/5): Timor-Leste - 1975 - Ataúro, Dili, Atabai (vídeo) 


Timor Leste Debaixo de Fogo (filme legendado em português)


Timor Lorosae - O Massacre que o Mundo Não Viu (documentário dirigido pela atriz brasileira Lucélia Santos)



Notícias sobre a língua portuguesa

No portal Terra, saiu uma notícia interessante intitulada Língua portuguesa se consolida no Timor-Leste graças à educação, que pode ser lida no link a seguir: http://diversao.terra.com.br/arte-e-cultura/lingua-portuguesa-se-consolida-no-timor-leste-gracas-a-educacao,e44056121f56b310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html. A matéria apresenta principalmente uma entrevista com Mari Alkatiri, primeiro-ministro leste-timorense entre os anos de 2002 e 2006. O ex-primeiro-ministro fala coisas interessantes sobre a importância do português, sua relação com o Tetun, a questão da identidade e língua, o ensino do português e junto com o Tetun, entre outros. 

Destaca-se a visão otimista de que em dez anos aproximadamente metade da população falará o português, e não qualquer português, mas uma variedade própria da língua. Considero esta uma visão otimista até demais, pois o futuro do português não é um dos melhores em Timor-Leste, já que tanto Timor-Leste, quanto as maiores potências lusófonas, Portugal e Brasil, não estão investindo muito em Timor-Leste. O governo do país não está interessado em investir no ensino e pesquisa, por mais que se fale em investimentos, observa-se professores mal pagos e mal formados/capacitados, falta de infraestrutura para alunos e professores, falta de incentivo para os alunos, entre outros. A pesquisa, então, nem se fala! Há um total descaso em relação à formação de pesquisadores leste-timorenses em linguística, enquanto há uma completa indiferença com os pesquisadores estrangeiros. Portugal é o maior investidor, mas possui uma pequena economia, que ainda está passando por crises, porém mesmo neste período de crise ainda está investindo. Brasil é uma das maiores economias do mundo, porém investe somente pouquíssimos recursos, com a maioria do dinheiro dessa grande economia fica perdido em corrupção, com o Brasil, sendo um dos países mais corruptos do mundo! Merece elogios a atuação de Cabo Verde que ultimamente tem estreitado os laços de cooperação com Timor-Leste e, quem sabe, destes laços possam surgir coisas boas no futuro...

Enquanto isso, o governo de Timor-Leste ainda prefere sobreviver da ajuda internacional, quase implorando pela permanência de ONU, de tropas australianas, entre outras entidades que desejam implantar a língua inglesa em detrimento do português, conforme pode ser lido em notícias como  http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/12/foco-do-apoio-da-onu-timor-leste-estara.html no Páginal Global (sobre novo acordo  com a ONU) e http://www.abc.net.au/news/2012-11-22/australian-troops-begin-e-timor-withdrawal/4385466 na ABC (sobre a permanência de tropas australianas). 

Quero saber até quando Timor-Leste pretende viver da esmola estrangeira... Segue a notícia: 



Língua portuguesa se consolida no Timor-Leste graças à educação


A língua portuguesa recupera pouco a pouco sua força no Timor-Leste graças a um plano de implementação na educação primária e no ensino médio, e que a partir de 2013 alcançará também a formação universitária nesta ex-colônia de Portugal na Ásia.

Mari Alkatiri, que foi o primeiro líder do Executivo da recente história do Timor-Leste, declarou à Agência Efe que a implementação do português na educação se deve ao fato de o tétum - a outra língua oficial do país - ainda não estar suficientemente desenvolvido, de um ponto de vista acadêmico e científico.
Alkatiri, primeiro-ministro timorense entre 2002 e 2006, explica que outra das razões pelas quais o Governo decidiu que o idioma veicular da educação seja a língua portuguesa é que apresenta "uma identidade que diferença o Timor-Leste dentro da região Ásia-Pacífico".
Timor-Leste, o país asiático mais jovem e que conta com pouco mais de um milhão de habitantes, escreveu em sua Constituição, aprovada em 2002, que tanto o português como o tétum são as duas línguas oficiais do país e relegou o indonésio a idioma de trabalho.
Após mais de quatro séculos de colonização portuguesa, o Exército indonésio aproveitou a proclamação da independência do Timor-Leste de Portugal em 1975 e ocupou a pequena nação durante os 24 anos seguintes.
Durante o período de ocupação indonésia, o idioma português foi proibido e perseguido ao constituir-se como a língua da resistência timorense, confinada nas montanhas da ilha.
Uma vez recuperada a soberania, em maio de 2002, o português voltou às ruas e instituições políticas como o Parlamento e as cortes de Justiça, enquanto ainda se consolida no sistema educacional.
Nas ruas do Timor as saudações e os agradecimentos em português são parte da vida cotidiana, mas são o indonésio e o tétum os que predominam nos ambientes de trabalho e são mais frequentes nos principais meios de comunicação.
Alkatiri reivindica a necessidade de insistir na língua portuguesa, e não no indonésio ou no inglês, para evitar que o Timor se transforme em um país "satélite" da Indonésia ou da Austrália, as duas potências mais próximas geograficamente.
Longe desse sentimento de identidade, Luis Nivio, um professor timorense de 26 anos, reconheceu à Efe que a aplicação da nova língua é mais difícil na prática: as crianças quando chegam à escola frequentemente não entendem português e, portanto, aprender algumas disciplinas lhes parece mais complicado.
"O pior é que muitos professores também não falam português, ou quase não o conhecem, e por isso optam por ensinar em tétum ou misturar os dois idiomas durante as aulas", confessou o professor.
Nivio, que aprendeu português em Aveiro graças a um acordo em matéria de educação com o Governo de Portugal, admite que a falta de desenvolvimento gramatical do tétum complica muito a formação acadêmica nesta língua.
Brasil e Portugal fecharam um acordo com o Timor-Leste para a expansão do português no país asiático mediante a colaboração de suas universidades para formar professores e criar material escolar.
Segundo os dados do Governo do Timor-Leste, em 2010 cerca de 90% dos cidadãos do país utilizava o tétum em sua vida diária, 35% dominava o indonésio e 23% falava, lia e escrevia em português.
No entanto, este último é o idioma que registra maior crescimento nos últimos anos.
O futuro da língua de Camões no Timor-Leste parece promissor; José Ramos-Horta, ex-presidente do país e prêmio Nobel da Paz, deixou isso claro em um recente artigo no jornal indonésio "The Jakarta Post".
"Em dez anos, pelo menos metade dos timorenses falarão português; nossa própria versão, tão viva e musical como a do Rio (de Janeiro) ou de Luanda", previu o político.