A dissertação de Mestrado em Ensino do Português como Língua Segunda e Estrangeira, de autoria de Valente de Araújo, intitulada Um estudo sobre o rito de tradição oral AI-HULUN e as suas actuais prácticas religiosas e mágicas no suco de Mauchiga, foi apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 2010.
Trata-se de mais uma contribuição para o estudo dos grupos etnolinguísticos leste-timorenses, neste caso um ritual específico, o ai-hulun, do povo Manbae. Apesar de não apresentar novos dados linguísticos da língua Manbae e nem possuir as transcrições do ritual, fica aqui a divulgação deste blog de mais um material sobre as línguas e os povos de Timor Leste.
Segundo a análise do presente autor, a maior contribuição da dissertação de Araújo consiste em oferecer valiosas informações a respeito da cultura animista leste-timorense. Este aspecto da cultura imaterial (o da religião animista) dos diferentes grupos etnolinguísticos é de importância crucial para o linguista que se interessa na tarefa da descrição das línguas nativas leste-timorense, pois as tradições animistas estão refletidas em diversas categorias linguísticas, assim como se encontra bem evidente nos níveis de análise, especificamente no lexico-semântico.
Segue o resumo da dissertação:
Os timorenses são tradicionalmente animistas. Prestam cultos aos seus antepassados e acreditam num ser supremo, que designam com um nome próprio de acordo com as suas respectivas línguas. Assim, em mambae, chamam por Maromak, que significa Deus. O Ai-hulun é um dos ritos culturais de tradição oral pelo qual o grupo étnico mambae presta culto a Deus através dos seus antepassados, implorando saúde e abundância. Para que este rito não perca o seu valor sócio-cultural e a sua originalidade é preciso que a presente geração e a vindoura o conheçam, pratiquem e o saibam transmitir, porque só assim se manterá, sabendo que, como património cultural imaterial, deve ser preservado. Neste trabalho são abordadas as definições teóricas de alguns autores sobre a cultura de tradição oral, as práticas religiosas e mágicas e os elementos essenciais utilizados na cerimónia do Ai-hulun. Destaca alguns desafios que precisam de ser levados em conta para o prosseguimento das investigações. Com esta pesquisa, pretendemos dar a conhecer que Timor-Leste ainda possui ritos culturais de tradição oral que se mantêm vivos; fornecer alguns dados que possam ser úteis para investigações mais avançadas sobre esses ritos culturais do povo timorense, permitindo assim alguns registos escritos que veiculem um conhecimento histórico e antropológico. Esperamos poder contribuir com algumas pistas para futuros investigadores neste domínio.
O link para o download da dissertação é http://dspace.fct.unl.pt/bitstream/10362/4944/1/valentearaujo.pdf.
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