Ocorreu nesta última sexta-feira (09/05/2014), o Seminário de Pesquisa do PPGL (Programa de Pós-Graduação em Linguística) da UnB (Universidade de Brasília) que está em extinção, pois está seus últimos eventos neste semestre, por isso divulgo somente minha participação com um tema sobre Timor-Leste. Há uma apresentação minha anterior neste seminário, que pode ser lida aqui.
O seminário foi intitulado O ecossistema linguístico local de Timor-Leste e baseou-se no capítulo 4 homônimo de minha tese de doutorado, A língua portuguesa em Timor-Leste: uma abordagem ecolinguística (para maiores informações, leia aqui), que está terminada, aguardando somente a marcação da data de defesa.
O arquivo da apresentação do seminário pode ser encontrado aqui, assim como aos interessados em saber um pouco mais de ecolinguística recomendo a leitura do blogue Meio Ambiente e Linguagem, que pode ser acessado aqui, e também de verificar as postagens anteriores deste blogue com a marcação/tag Ecolinguística.
O arquivo da apresentação do seminário pode ser encontrado aqui, assim como aos interessados em saber um pouco mais de ecolinguística recomendo a leitura do blogue Meio Ambiente e Linguagem, que pode ser acessado aqui, e também de verificar as postagens anteriores deste blogue com a marcação/tag Ecolinguística.
Os arredores de montanhosos da capital,
Dili. Foto: Rui Correia.
(Fonte: http://ruicorreia.blogspot.com.br/)
Segue abaixo um resumo da apresentação:
A proposta
ecolinguística utilizada aqui é de Couto (2007), que tem como base a Ecologia Fundamental da
Língua (EFL), ou Ecossistema Fundamental da Língua. O Ecossistema Fundamental
da Língua (EFL) equivale ao conceito da comunidade falante da língua e é onde
ocorrem as interações comunicativas. A EFL é formada pela Linguagem (L), pelo
Povo (P) falante da L e o território (T) onde o P reside e fala a L. A tríade
P-L-T é análoga ao signo semiótico de Peirce e é melhor representada
graficamente de maneira triangular.
P
/ \
L
----- T
Pode-se observar também que na posição do
ápice do triângulo está localizado o P, indicando que a relação entre L e T é
mediada por ele. Digno de nota é que representações semelhantes já se
encontravam em trabalhos anteriores, como Trampe (1990) e Door
e Bang (2001), conforme afirma Couto (2007, p.91). O EFL possui três
ecossistemas dentro dele, dependendo de como são encarados os elementos P, L e
T. Segundo Couto (2013b, p. 299), esses ecossistemas são: o ecossistema natural
da língua (1), o ecossistema mental da língua (2) e o ecossistema social da língua (3), que são representados da mesma maneira triangular acima.
O ecossistema natural da língua (1) consiste em um povo (P1), que habita em seu território (T1) e se comunica por meio da língua (L1) da comunidade. Porém, no ecossistema natural da língua P1 é visto como seres físicos e T1 é encarado fisicamente, assim a L1 é uma realidade concreta que se relaciona com os demais elementos do ecossistema. Esta é uma visão mais biológica da língua e do ecossistema. Em (2), há o ecossistema mental da língua em que a língua é vista como um fenômeno mental (L2), sendo P2 a parte da mente do indivíduo que processa a língua e (T2) é o cérebro, sendo encarado como entidade concreta. O ecossistema social da língua, representado em (3), trata-se da língua (L3), sendo encarada como fenômeno social e P3 é a comunidade que fala a L3, enquanto o T3 é a sociedade (COUTO 2013b, p. 299).
Desta maneira, o ecossistema linguístico engloba os
três ecossistemas mencionados anteriormente e, de acordo com Couto (2013b, p.
294), pode ser dividido em ecossistema linguístico geral e local. O primeiro, o
ecossistema linguístico geral, equivale à comunidade de língua e ao domínio do
sistema. O segundo, o ecossistema linguístico local, consiste na comunidade de
fala, ou de interação, sendo, assim, o ecossistema onde ocorrem os atos de
interação comunicativa (AIC), que serão explicados posteriormente. Neste
capítulo, será analisado o ecossistema linguístico local de Timor-Leste, onde
ocorrem os AICs em língua portuguesa.
Assim, na seção 1, serão expostas algumas informações
básicas sobre os ecossistemas natural, mental e social da língua em
Timor-Leste. Na seção 2, será oferecido um panorama histórico de Timor para em
seguida, na seção 3, discorrer a respeito da língua portuguesa na ilha. Na seção 4,
serão analisados os impactos da língua portuguesa e da presença do colonizador
português, assim como na seção 5 as influências da inserção da tecnologia da
escrita nas sociedades ágrafas leste-timorenses. Finalmente, na seção 6, serão
oferecidas algumas palavras sobre o futuro do ecossistema linguístico local de
Timor-Leste.
Referências:
BANG, Jørgen C.; DØØR, Jørgen. Language, Ecology and Society. A Dialectical Approach. Editado por
Sune Vork Steffensen e Joshua Nash. Londres: Continuum, 2007.
COUTO, Hildo H. Ecolinguística.
Estudo das relações entre língua e meio ambiente. Brasília: Thesaurus,
2007.
_____. O que vem a ser ecolinguística, afinal? Cadernos de Linguagem & Sociedade,
v. 14, n. 1, p. 275-313, 2013.
TRAMPE,
Wilhelm. Ökologische Linguistik. Grundlagen einer ökologischen
Wissenschafts- und Sprachtheorie. Opladen: Westdeutscher Verlag, 1990.