Nesta postagem comentarei brevemente o livro lançado recentemente, neste ano de 2013, intitulado Ecolinguística - Um diálogo com Hildo Honório do Couto, pela Pontes Editores, de autoria de Elza K. N. N. do Couto.
O livro, como já consta no próprio título, é organizado em um formato de diálogo, ou melhor entrevista, onde a autora faz uma série de perguntas ao entrevistado, que versam sobre os aspectos teóricos da ecolinguística, a história e o desenvolvimento desta disciplina, questões de metodologia, análise e aplicação da ecolinguística para os estudos da linguagem.
Como os leitores podem perceber por minhas investigações e minhas publicações sigo esta teoria por considerá-la a que melhor abarca os fenômenos linguísticos em sua totalidade, ou seja, há relações com outras áreas do saber/disciplinas (o que a torna interdisciplinar e multidisciplinar), assim como o objeto estudado é encarado holisticamente e em suas inter-relações, sendo levados em consideração aspectos linguísticos e extra-linguísticos.
Os ecolinguistas do Brasil são influenciados ou estão ligados de alguma maneira ao precursor dos estudos ecolinguísticos por aqui, que é o Prof. Hildo Honório do Couto, e são praticantes de uma corrente específica da ecolinguística, chamada linguística ecossistêmica. Esses autores acabam por formar a Escola Ecolinguística de Brasília.
Finalmente, destaco aqui uma citação do livro onde meu trabalho é mencionado: "Um pouco mais tarde, mais precisamente no ano de 2010, entrou para o doutorado em linguística da UnB, Davi Borges de Albuquerque, que já vinha investigando a situação linguística de Timor-Leste." (Couto 2013: 77).
Em postagens futuras, falarei um pouco mais sobre o trabalho da Escola Ecolinguística de Brasília, da qual faço parte, já que minha investigação sobre Timor-Leste e sobre ecolinguística estão entrelaçadas. Assim, sinto que não posso mencionar somente uma (como venho fazendo com Timor-Leste), deixando a outra de lado (a ecolinguística), já que ao estudar uma (a linguística de Timor-Leste), faço uso da outra (a linguística ecossistêmica).
Segue a descrição do livro (texto extraído do site da editora do link mencionado acima):
"Coleção Linguagem e Sociedade Vol 4. Num mundo crescentemente complexo, os indivíduos e as sociedades são chamados a reconhecer que as coisas e seus estados estão todos ligados entre si, tal como uma teia de aranha - a construção ou o corte de um filamento reflete-se em alterações no equilíbrio da teia no seu todo. Este desafio de olhar o real de forma tendencialmente holística, sem perder a especificidade e o rigor da especialização, coloca-se a várias ciências, nomeadamente à linguística, em larga medida porque nada do que existe é alheio ao discurso que o cria e/ou o integra no mundo simbólico do homem. É com este quadro conceptual que o presente livro surge, fruto do percurso que Hildo Honório do Couto tem construído, em seu labor de pesquisa e ensino, ao longo de vários anos. Um livro útil para linguistas e estudiosos da língua de todas as áreas que, partindo da Ecologia de modo radical e do conceito central dessa disciplina - que é o de ecossistema e tudo que lhe diz respeito - reflete sobre as relações entre os vários âmbitos de estudo dentro da linguística e entre esta e outras ciências conexas. Que enquadra esse 'novo ramo da linguística' designado 'ecolinguística', seus princípios fundamentais, objetivos, metodologias e instrumentos, limites e potencialidades. Trata-se ainda de um livro que apresenta a virtualidade de ser de leitura acessível, por adotar uma construção explicitamente dialógica, em formato de entrevista, dirigida por Elza Kioko N.N. do Couto, com três dezenas de perguntas e respostas, capazes de organizar o conhecimento e de oferecer à leitura uma visão esclarecida do pensamento de Hildo Couto sobre a ecolinguística."