Friday, March 25, 2011

Mais uma dissertação sobre o ensino de português em Timor

A seguinte Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação, Especialização em Educação, Comunicação e Linguagem apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 2010, A percepção da língua portuguesa por estudantes timorenses do ensino superior português, de autoria de Filomena da Imaculada Conceição Pinto, encontra-se disponível para download no link http://run.unl.pt/bitstream/10362/4820/1/tese%20final.pdf.  

O maior destaque deste trabalho está na elaboração de um questionário aos estudantes leste-timonrenses e na análise das respostas obtidas nestes questionários. Conforme palavras da própria autora, o gerenciador deste blog sabe da "urgência" de pesquisas e suas contribuições a Timor Leste, porém deixa aqui somente um comentário a respeito da elaboração e análise do questionário feitos que é um tanto simplista. Segundo minha análise, seria possível tanto elaborar um questionário que abordasse outros assuntos de natureza educacional e sociolinguística, quanto ampliar o número de sujeitos a serem entrevistados na pesquisa (forma somente 4 estudantes). Durante o período que lecionei a disciplina de Português Instrumental na UNTL (Universidade Nacional Timor Lorosa'e), em 2008 e 2009, elaborei diferentes questionários de natureza educacional e sociolinguística para melhor conhecer as necessidades das diferentes classes que lecionei. Por sua vez, muitos de meus alunos acabaram por me ensinar suas línguas maternas (os tão bem conhecidos "informantes").

Segue o resumo da dissertação:     

Após de 24 anos de luta, o povo timorense encontrou a sua liberdade total, através do Referendum que, então, foi presidido pela ONU, em 30 de Augusto de 1999. Nasceu, assim, uma nova nação chamada Timor-Leste. O povo timorense demostrou, desta forma, seu valor heróico, ao ser um Estado soberano, como qualquer outro Estado-nação. O objectivo principal do presente trabalho é tentar entender os motivos que conduziram à escolha do português como língua oficial de Timor-Leste, uma vez que, todos sabemos, Timor-Leste dispõe de uma língua congregadora, que é denominada Tétum. Procuramos, por isso, analisar o quadro das diversas componentes para podermos perceber a percepção que os estudantes timorenses a frequentarem o Ensino Superior, em português têm da Língua Portuguesa.

É com grande prazer que registro aqui mais esta outra contribuição sobre a língua portuguesa em Timor Leste. Recentemente, descobri mais outras dissertações que contemplam de alguma maneira estudos de linguística e/ou educação em Timor Leste que são de nosso interesse aqui neste blog. Em breve colocarei outros posts divulgando-as e comentando-as. Até lá!

Monday, March 21, 2011

Dissertação sobre o ritual ai hulun do povo Manbae

A dissertação de Mestrado em Ensino do Português como Língua Segunda e Estrangeira, de autoria de Valente de Araújo, intitulada Um estudo sobre o rito de tradição oral AI-HULUN e as suas actuais prácticas religiosas e mágicas no suco de Mauchiga, foi apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 2010.

Trata-se de mais uma contribuição para o estudo dos grupos etnolinguísticos leste-timorenses, neste caso um ritual específico, o ai-hulun, do povo Manbae. Apesar de não apresentar novos dados linguísticos da língua Manbae e nem possuir as transcrições do ritual, fica aqui a divulgação deste blog de mais um material sobre as línguas e os povos de Timor Leste.

Segundo a análise do presente autor, a maior contribuição da dissertação de Araújo consiste em oferecer valiosas informações a respeito da cultura animista leste-timorense. Este aspecto da cultura imaterial (o da religião animista) dos diferentes grupos etnolinguísticos é de importância crucial para o linguista que se interessa na tarefa da descrição das línguas nativas leste-timorense, pois as tradições animistas estão refletidas em diversas categorias linguísticas, assim como se encontra bem evidente nos níveis de análise, especificamente no lexico-semântico.     

Segue o resumo da dissertação:  

Os timorenses são tradicionalmente animistas. Prestam cultos aos seus antepassados e acreditam num ser supremo, que designam com um nome próprio de acordo com as suas respectivas línguas. Assim, em mambae, chamam por Maromak, que significa Deus. O Ai-hulun é um dos ritos culturais de tradição oral pelo qual o grupo étnico mambae presta culto a Deus através dos seus antepassados, implorando saúde e abundância. Para que este rito não perca o seu valor sócio-cultural e a sua originalidade é preciso que a presente geração e a vindoura o conheçam, pratiquem e o saibam transmitir, porque só assim se manterá, sabendo que, como património cultural imaterial, deve ser preservado. Neste trabalho são abordadas as definições teóricas de alguns autores sobre a cultura de tradição oral, as práticas religiosas e mágicas e os elementos essenciais utilizados na cerimónia do Ai-hulun. Destaca alguns desafios que precisam de ser levados em conta para o prosseguimento das investigações. Com esta pesquisa, pretendemos dar a conhecer que Timor-Leste ainda possui ritos culturais de tradição oral que se mantêm vivos; fornecer alguns dados que possam ser úteis para investigações mais avançadas sobre esses ritos culturais do povo timorense, permitindo assim alguns registos escritos que veiculem um conhecimento histórico e antropológico. Esperamos poder contribuir com algumas pistas para futuros investigadores neste domínio.

O link para o download da dissertação é http://dspace.fct.unl.pt/bitstream/10362/4944/1/valentearaujo.pdf.