Neste post, faço um intervalo, apenas em certa forma, sobre questões linguísticas específicas de Timor-Leste para comentar a respeito de um problema comum a toda lusofonia, que é o novo acordo ortográfico.
O novo acordo ortográfico vem causando polêmicas, discussões e já gerou um grande número de publicações, sendo os principais nas formas de artigos e livros, principalmente no Brasil e em Portugal. Venho neste post somente copiar o link para o texto de Vasco Graça Moura, intitulado Intimação ao Professor Malaca, no Diário de Notícias - Opinião,
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2290678&seccao=Vasco&page=-1
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2290678&seccao=Vasco&page=-1
Neste texto, publicado hoje (08 de fevereiro de 2012), até o momento já gerou 94 cometários, sendo alguns muito interessantes. O diferencial do texto de Moura é que ele apresenta uma outra face para discussão do tema, que consiste nas abordagens legal e política, que muitos profissionais da área de letras em geral (sejam eles professores, gramáticos, literatos ou linguistas) ingenuamente vêm deixando de lado em suas discussões e publicações.
A maioria das análises sobre o tema consiste em análises linguísticas, ou seja, encaram o objeto de estudo somente internamente, por ele mesmo, deixando fora elementos externos (não linguísticos). Considero ingenuidade, que o texto de Vasco não comente, pois ao se analisar diversas questões linguísticas atuais, há uma série de emaranhados políticos, sociais, legais etc. que muitos profissionais vêm se aproveitando e tentam vender certas 'ideias' (como se fossem produtos) e muitos acabam caindo na 'lábia dos vendedores'.
Eu como pesquisador e professor universitário forçadamente tive que escrever seguindo o novo acordo, pois uma série de artigos que enviei para ser publicados, utilizando a ortografia 'antiga', seriam aceitos somente caso eu os revisasse segundo a nova ortografia.
Então, fica aqui registrado um breve comentário meu, contra a nova ortografia, porém consciente de que é um fenômeno político imposto a grande população lusófona e que, dependendo da situação, temos que aceitar, no entanto devemos estar conscientes também que tais 'novidades' não são nada mais que golpes políticos, editoriais e mercadológicos para pequenos grupos se aproveitarem ainda mais da população.
Seguem alguns comentários pertinentes (dentre os 94) retirados do link citado acima (digo pertinentes, pois também há uma série de discussões, xingamentos, ironias e afirmações preconceituosas, de natureza xenofóbica e racista, logo selecionei a nata dos comentários):
"Uma língua evoui naturalmente. O "Acordo Ortográfico do Malaca" é o exemplo eloquente de um "retrocesso" e da destruição de uma língua. Se ninguém o aplicar na prática o senhor Malaca fica a falar e a escrever sozinho. Mas pelo menos fica em concordância com ele próprio".
"VGM tem ,quanto a mim ,TODA a razão para não aplicar o AO:a "sua aprovação" não seguiu os trâmites normais para o Acordo :portanto,foi imposto " à má fila"! Também não podem existir as ditas conversões automáticas nos meios informáticos - o acordo não é uniforme nas suas regras! É só mais um problema a resolver vindo de 2010/2011".
"É fundamental que seja dito que a ortografia não tem que ver com fonética, mas sim com cultura: é um repositório da História de uma língua e da sua relação com outras línguas. Para a fonética, temos o alfabeto fonético internacional. É interessante ver que as línguas de países em que cuidam dos seus valores culturais, como a França e os de língua inglesa, têm uma ortografia que tem muito pouco a ver com fonética, e não é por isso que o inglês deixa de ser a língua dominante a nível mundial. E também não tem nada que ver com a evolução de uma língua, como se vê por esses exemplos. A imposição à pressa em Portugal da miserável grafia do miserável AO é mais um acto de prepotência de um governo (do miserável Sócrates) sem valores e sem cultura".